InícioSaúdeSem dipirona no mercado, remédio acaba amanhã na Santa Casa

Sem dipirona no mercado, remédio acaba amanhã na Santa Casa

Um dos medicamentos mais básicos utilizados nas alas hospitalares está em falta em todos os estados brasileiros: a dipirona monoidratada injetável 500 mg/mL. Na Santa Casa de Campo Grande, o estoque atual já é insuficiente para suprir a demanda local e deve acabar ainda nesta quarta-feira (13).

Por dia, o hospital manipula, em média, 1.100 ampolas da medicação de forma intravenosa.

O fármaco é aplicado como analgésico, para tratar dores moderadas ou intensas, e antitérmico, para baixar febres a partir de 38 graus.

O desabastecimento da dipirona é reflexo do cancelamento da fabricação do insumo feito pelo Laboratório Teuto Brasileiro, responsável por 50% da produção da mercadoria no Brasil. Em nota, a empresa anunciou, em fevereiro deste ano, que a decisão será por tempo indeterminado.

O laboratório divide o abastecimento do fármaco no País com a empresa Santisa, outro laboratório especializado no princípio ativo.

Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Insumos Farmacêuticos (Abiquifi), o Brasil produz atualmente apenas 5% dos ingredientes necessários para a produção de medicamentos.

Os outros 95% são importados de países como a China, Índia e Venezuela.

Segundo o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), a decisão da empresa Teuto Brasileira se explica pelo fato de as indústrias farmacêuticas alegarem que a importação do medicamento supera o valor máximo de venda, ou seja, o custo da produção supera o da arrecadação.

A Santa Casa de Campo Grande acrescentou, em nota, que o medicamento está em falta pela alta demanda e pouca oferta de compra, e que na ausência da substância, é recomendada a substituição por dipirona comprimido, dipirona frasco, trometamol cetorolaco intramuscular e endovenosa.

“Temos em estoque quantidade para atender aproximadamente até dia 13 deste mês, já nesta quarta-feira”, pontuou.

Em fevereiro deste ano, 23 conselhos de medicina alertaram o Ministério da Saúde sobre a falta do remédio nos hospitais do Brasil. A denúncia chegou por meio do Conasems, que ressaltou a preocupação com a falta de alguns medicamentos injetáveis e risco de desabastecimento no País.

A declaração foi feita durante reunião da Comissão Intergestores Tripartite (CIT), realizada no dia 24 de março.

O presidente do órgão, Wilames Freire Bezerra, declarou que, além da dipirona injetável, faltam ocitocina e neostigmina.

“Enviamos um ofício ao Ministério, mas gostaria de reforçar. Nós fizemos uma consulta a 23 secretarias que relataram falta de três medicamentos específicos. Sabemos das dificuldades com o mercado, porém, queremos informar sobre a nossa preocupação com esse desabastecimento”, reforçou.

O presidente do Sindicato dos Médicos de Campo Grande (Sindmed), Marcelo Santana, afirmou que o problema é de extrema importância e pode gerar impactos profundos em pacientes que fazem o uso da dipirona em ambientes hospitalares.

“A gente sabe que é um problema nacional, mas as secretarias têm de se juntar com o Ministério da Saúde para poder tentar suprir a demanda”, acentuou.

Para o médico, a falta do insumo pode ser reflexo da pandemia de Covid-19, que exigiu altas demandas na indústria farmacêutica.

“Realmente, a dipirona é de importância muito grande, porque é um dos antitérmicos que mais são utilizados por via intravenosa. Além de ser extremamente efetiva na rotina hospitalar e no Brasil, porque é de fácil manejo, ela é um medicamento de baixo custo”.

De acordo com Santana, há possibilidade de substituição do analgésico, entretanto, também poderá haver mais queixas de efeitos colaterais. Entre as alternativas para substituir a dipirona estão o paracetamol, o ácido acetilsalicílico (AAS) em alguns casos e a dipirona líquida por via oral.

O médico destacou que pacientes graves ou entubados não conseguem fazer a medicação via intravenosa, por isso, também pode ser aplicado o princípio ativo em forma líquida, por meio da sonda.

Segundo Marcelo, já houve queixas ao Sindmed por falta do medicamento.

HOSPITAIS

A Unimed Campo Grande informou que o estoque de dipirona é suficiente para atender à demanda dos próximos 90 dias. “Esperamos que neste período a oferta do medicamento seja normalizada no mercado”, afirmou em nota.

A Caixa de Assistência dos Servidores do Estado de Mato Grosso do Sul (Cassems) afirmou que neste momento a rede hospitalar está abastecida do medicamento, mas que há dificuldade no mercado para adquirir a substância.

“A Cassems está atenta ao cenário para garantir a manutenção desta medicação”, finalizou a nota.

O Ministério da Saúde informou que o financiamento do produto faz parte da lista de “componente básico da assistência farmacêutica” e que, por conta do repasse irregular da dipirona, cabe aos estados e municípios a compra e a distribuição dos medicamentos.

O Correio do Estado tentou contato com o Hospital Regional de Mato Grosso do Sul (HRMS), o Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian (Humap-UFMS) e o Laboratório Santisa, mas até o fechamento desta reportagem não obteve resposta.

 

Fonte: Correio do Estado

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