O vice-governador de Mato Grosso do Sul, José Carlos Barbosa, o Barbosinha, afirmou que a Polícia Militar deixou, ainda nesta quinta-feira (30), a Fazenda Ipuitã, em Caarapó, região que enfrenta conflitos entre indígenas Guarani Kaiowá e fazendeiros desde o último sábado (25). A responsabilidade da segurança no local foi transferida para a Força Nacional.
Segundo Barbosinha, a polícia seguia a determinação de manter a segurança no local para evitar episódios de violência, não para reintegração de posse. Ele afirmou que as equipes foram liberadas após a decisão do desembargador Cotrim Guimarães, do TRF (Tribunal Regional Federal) da 3ª Região.
“A PM foi lá para evitar conflito, que poderia resultar em morte de indígena e não indígena. Onde há crime contra patrimônio, crime contra a vida, a presença do Estado se faz importante. É fundamental a presença do Estado, representado pelas forças de segurança. Polícia Civil, PM, bombeiros, agentes penitenciários”.
“Então, toda vez que o Estado é chamado, onde há caso de violência, ele está lá. Existiu uma determinação do desembargador Cotrim para que a Polícia Militar ficasse no local para manter a ordem. Ele revogou essa decisão. A partir do momento que ele revogou, imediatamente vai ficar no local a Força Nacional”.
Conflito
No sábado, um grupo de indígenas ocupou e, posteriormente, incendiou propriedade rural. A PMMS informou que 50 indígenas armados teriam expulsado o caseiro, ocupando a fazenda e iniciado o incêndio de grandes proporções. O fogo chegou a atingir o maquinário e a área de plantação.
Segundo o Cimi (Conselho Indigenista Missionário), a Segunda Vara da Justiça Federal de Dourados encaminhou, na tarde desta quinta-feira, o processo de reintegração de posse da Fazenda Ipuitã, sobreposta à Terra Indígena Guyraroká à Comissão de Soluções Fundiárias. A fazenda foi retomada pelos Guarani e Kaiowá no dia 21 de setembro.
O imbróglio judicial vem sendo acompanhado e peticionado pela Procuradoria Federal Especializada da AGU (Advocacia-Geral da União) em Mato Grosso do Sul, que atua com a Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas).
Denúncias de abuso sexual
Ainda conforme o conselho, a entrada dos Guarani e Kaiowá na sede da fazenda e a subsequente escalada do conflito foram motivadas pelo sequestro e suposto abuso sexual de uma jovem de 17 anos. As informações fazem parte de um relatório de escuta elaborado por autoridades públicas, no início desta semana, e acessado com exclusividade pela Aty Guasu, a Grande Assembleia Guarani e Kaiowá, após um pedido formal.
“Na tentativa de recuperar a jovem, enfrentaram homens armados, alguns encapuzados e todos vestidos de preto, estiveram sob intenso tiroteio e após um ato criminoso dos próprios milicianos, o que os levou a fugir, os Guarani e Kaiowá decidiram ficar na sede para impedir a volta do bando até a chegada da Força Nacional de Segurança Pública”, diz a nota do Cimi.
“Ficou a imagem de que a gente foi para lá tacar fogo, fazer barbaridades. Estão nos chamando de terroristas. Não são palavras verdadeiras. A comunidade só foi para sede porque a menina foi sequestrada, e há a suspeita de que fizeram algo com ela. Isso revolta, machuca. Querem culpar as vítimas”, disse um integrante da Aty Guasu.
Fonte: Jornal Midiamax




